Música Está nos Olhos de Quem Ouve.

As pessoas não sabem valorar as coisas. Confundem tudo.
É tudo ignorância. Eu também sou, em muitos outros assuntos, mas não neste.

Uma colega do trabalho foi assistir um concerto de orquestra esta semana. Não faz parte do mundo dela, nunca fez, e obviamente ela saiu e lá extasiada com a grandeza daquilo tudo, com a beleza de tudo, com o som, com a harpa, com tudo. Ficou realmente impressionada.
Nada daquilo que ela dizia me era estranho. Cresci numa família onde música erudita sempre se fez presente; toquei flauta, violino, piano e cantei por tantos anos. E achei super legal a impressão que ela teve, e como gostou do programa diferente.

Daí ela soltou a pérola: “aquilo sim que é música. Não funk ou pagode.” Fiquei com raiva. Não porque eu goste de funk ou pagode, mas não acho justo essa desvalorização.

Vejamos. Música nada mais é que sons que se harmonizam, chegando numa melodia, contendo ou não letra. Notas musicais unidas formando uma pauta, uma partitura.
Música é expressão, cultura. Música clássica reflete uma época; pagode, de outra; funk, de uma parcela da sociedade. Pra uns soa muito mais agradável um ‘batidão’ do que um quarteto de cordas.

Mas quem sou eu pra julgar e dizer que não é música? Acho muito abuso. Se a gente não gosta, tudo bem, mas música é sim. Essa minha colega só gosta de MPB, porque ‘isso sim é música’. E agora se encantou com o som do violino. Será que deveria apresentá-la Dream Theater, banda de metal que usa instrumentos clássicos? Ou lembrá-la que existe percussão – com suas devidas proporções e adaptações – numa orquestra? Então deixa de ser música?

Aquilo me chateou e muito. Música é música, goste você ou não de um estilo. Isso vai do seu ouvido e tolerância. Ninguém é obrigado a gostar de tudo, mas as pessoas se manifestam como achar adequado e como melhor lhes convir, inclusive pela influência cultural que tiveram. Seja através de pagode, funk, sertanejo, emocore, samba… Cresci comprando cd de Frank Sinatra, Os 3 Tenores, CDs orquestrados, várias coleções, e ainda as tenho e nem por isso deixo de ouvir MPB, rock, samba, hiphop e, porque não, vez por outra um funk.

Pra mim isso é puro sinal de ignorância, de intolerância. E eu não curto isso. Não curto gente que simplesmente desqualifica algo só por não achar adequado pra ela. É a mesma coisa de dizer que gosta de azul e por isso cinza é podre.

Queria vê-la desqualificando as músicas da boate em que ela foi comemorar os 50 anos. E não me venha dizer que era flashback e tudo bem. Tá cheio de música ruim naquela sua época de mocinha também, meu bem.

Música (+) Eu (=) Subverteu².

Sabe aquilo que “take your breath away?”
Aquilo que, num dia de tempestades te faz achar que algo de bom ainda pode vir?
Aquilo que com tanta paixão vemos, como aquela paixão de um primeiro amor adolescente mas que nunca passa?

Pois é. Tem poucas coisas na minha vida atualmente que tentam chegar ao nível ‘animadinha’, ou no mínimo ‘interessada’. Cada dia que passa, eu vou ficando cada vez mais meio numb, meio anestesiada mesmo das sensações alheias e minhas. Parece que vivo num mundo paralelo onde nada se sente, onde eu e minhas cópias vivemos esperando o dia acabar para outro tão insípido venha.
Daí a gente vive aquele dia, como qualquer outro, só no Ctrl+C/Ctrl+V de situações 90% idênticas às vividas nas últimas 24, 48 horas.
A coisa não tende a mudar. Você nem tem isso de achar que pode mudar, por uma questão de passividade, derrotismo. E porque não, por preguiça?
Não vou aqui levantar a possibilidade de a inércia ter se dado por um sentimento de fracasso contínuo porque nem vem ao caso.
Mas daí você vai vivendo, uma madrugada e um nascer do sol atrás do outro, consciente de que não muda.

Noite dessas comecei a cantarolar.
Foi estranho porque me distanciei de música de um modo geral. Rádio não escuto há anos, desde antes mesmo da Rádio Cidade extinguir. Minhas músicas estão no computador e não as escuto nunca. Daí comprei um MP4 porque facilitaria. Eu o uso, mas com menos freqüência do que há dois anos, por exemplo.
[Se for pra falar de abandono – independente de como tenha ocorrido, teve o violino. Abandonei a Flauta por pressão externa e fugi do piano por rebeldia hormonal. Mas enfim…].
Mesmo assim, me mantenho à busca de músicas que gosto de ouvir e normalmente são gringas, apesar da minha grande paixão por MPB e alguns representantes.

Cantar em corais, grupos de louvor, quintetos fez parte da minha vida desde os 10 anos. E quando tomei gosto não parei. Acabava um, procurava outro. E fui assim até um monstro emocional me dar uma rasteira. Juntei alguns cacos e por culpa da rotina, continuei como dava. Até não dar mais.
E ano passado, acenei minha bandeira branca à depressão, porque eu não sabia mais como lutar contra isso. Saí dos coros. Já tinha saído da igreja, presencialmente [e também com alguns outros motivos por detrás]. E eu não dei satisfação das minhas saídas repentinas nos grupos em que participava.

E na noite que cantarolei, voltei a PENSAR música.

De alguma forma, numa madrugada qualquer nessa semana, fiquei relembrando de músicas que cantei nesses corais da vida, especialmente o último, e relacionando-as aos compositores. E daí ia pro Letras.mus.br e procurava por ela. Sempre tinha vídeo com o cantor original junto à letra. Nessa busca, fui numa musica que gosto muito. Daquelas que canto interpretando o texto, cheia de uma veia artística que eu fatalmente não tenho, na frente do espelho. Mas não tinha vídeo original.
No momento que fui ver os vídeos alternativos, bati os olhos num que trazia exatamente a versão que eu cantava, pelo coro que cantava.

Não pude berrar. Não tinha a quem contar, senão ao twitter, completamente jogado às traças e aos insones de plantão como eu. E desse primeiro vídeo, vi outros e mais outros.

E naquele momento de descoberta, minha respiração começou a falhar. Meus olhos marejavam de lágrimas. Senti uma ALEGRIA que não sinto há muito, muito tempo. Senti-me fazendo parte daquilo, entendendo aquilo.

E também naquele momento, comecei a achar, talvez erroneamente, que aquilo era um sinal; porque eu tinha dito a uma amiga que não sabia se gostaria de voltar a cantar por milhões de outras questões.
Naquele momento, que durou mais de 2 horas, não havia nenhuma outra questão. Havia paixão, daqueles de você achar que te deram um alucinógeno porque você está praticamente fora de si.

Música transcende qualquer sentimento racional que eu possa ter. E apesar de parecer algo como paixão, é o puro, mais singelo e mais verdadeiro amor. Porque paixão passa. Amor permanece. Há 21 anos, desde meu primeiro instrumento.

E como todo objeto de amor, muitas vezes negligenciamos. Mas de uma forma ou de outra, ela te traz de volta pra casa; de volta pr’aquilo que sempre foi o que VOCÊ sempre foi.

E termino o texto extremamente emocional. Porque, obviamente já dito, eu sou emocional.
E não ter como ficar indiferente com algo que mexe tanto, mas tanto comigo, a ponto de encher meus olhos d’água, a ponto de me dar calafrios, me traz tantas dúvidas, tanta coisa a pensar… Mas que, independente dessas coisas todas, deixa claro que fica um grande vazio se eu não tiver música na minha vida. Se eu não tiver esta fonte de alegria, de sublimação, de inspiração, fatalmente viverei de modo muito mais medíocre do que poderia viver, tendo que lidar só com os outros fracassos e depressão que ainda me rodeiam. Viverei como tenho vivido nos últimos vários meses.

Cantar, tocar, estar cercada disso tudo, faz-me sentir parte de algum mundo. E me pergunto, em momentos como este, se eu não é a ele que realmente pertenço. De corpo, alma; de dedicação, de planos para um futuro próximo. Não sei.

Mas hoje, desde àquela fantástica madrugada, eu sei. Sei que sem música, eu sou metade, eu sou pior. Eu não sou eu.
Se aquilo que faz nossos olhos brilharem, que faz nosso coração bater mais forte, é a nossa verdadeira vocação, então tá tudo mais do que explicado.

O Dia Depois de Amanhã…

Alguns anos se passaram pra que eu pudesse ver algo de bom na velhice. Não que ganhar rugas, ficar fraca, baixar imunidade, visitar médicos com muito mais regularidade, ter memória enfraquecida e tantas outras coisas sejam verdadeiramente boas. Aliás, nunca vi nada de bom em envelhecer.

De uma hora pra outra ‘percebi’ que estou envelhecendo. Não falo de anos que passaram, mas da minha memória, que nunca foi muito boa e anda cada vez pior; falo da mega dificuldade em emagrecer fazendo as mesmas coisas que antigamente me garantiam resultados mais rápidos. Também não digo velhice quanto à idade mental ou coisa do tipo. Isso é questão de retardo, no melhor sentido da palavra.
E não, não sou velha. Mas a velhice chega. E quando chega, não tem como não perceber. Vejo nos olhos da minha avó, nas reações da minha mãe. O que é na aparência um incômodo, é na verdade a beleza de se viver e acolher dentro de si mesmo, tantos anos, tantas coisas ruins e boas e se tornar um ser humano admirável. Ou não. Mas não falo destes. Estes não admiráveis não aproveitaram seus anos pra fazerem algo de bom a ninguém além da própria sombra. E ser assim não quero. E nem quero ser presidente de nada ou alguém. Não quero ser modelo pra criança alguma. Quero só ter a certeza de que os anos passaram e eu os aproveitei pra colher todas as rugas, todos os fios de cabelo branco – precoces ou não – todos os não, todos os sim, todas as aprovações e reprovações.

A morte é certa, e lidar com ela é de um exercício pior que muitos dias de educação física no colégio. Mas a cada dia vejo a inevitabilidade de olhá-la nos olhos, enfrentar com a coragem que nos é devida. Mas sei que ela vem na hora certa. Não necessariamente na idade certa. Mas com essa velhice que adquiro a cada segundo compreendo que cada um vive o tanto que lhe é permitido viver. Não retiro daqui qualquer possibilidade de “mudança de rota”. Mas vivemos o que queremos. E somos o que vivemos.
E estou feliz. Porque percebi a beleza da dor nas costas; porque vista cansada é conseqüência de ótimos hábitos; porque falta de ar numa corrida de 500 metros pode ser um sinal pra parar ou mesmo pra começar a pensar em fazer caminhadas diárias.

À velhice toda reverência que merece. Toda atenção um dia dispersada; todos os meus dias por vir e os dias que foram: que eles formem de mim uma velha ‘caquética’, se preciso, mas com respeito à vida, aos momentos, às experiências vividas e as frustradas. Que eu olhe pra trás e curta as minúcias dos segundos que um dia me concederam cada cabelo branco, cada espinha de estresse, cada ruga ao redor dos olhos.
À velhice, tudo que hoje sou, pra amanhã ser isso tudo e mais um pouco. Todos os anos e muitos outros.


post scriptum: o título dele era este mesmo mas o que pensei originalmente e o que tinha ficado como link foi “Antes fosse Piratas do Caribe”. Juro que ri alto.

Enlouquecendo? Mode out loud: on

“Diz que deu, diz que Deus, diz que Deus dará,
Não vou duvidar,ô nega e se Deus não dá, como é que vai ficar, ô nega?
Diz que deu, diz que dá, e se Deus negar, ô nega
Eu vou me indignar e chega, Deus dará, deus dará
Deus é um cara gozador, adora brincadeira
Pois prá me jogar no mundo, tinha o mundo inteiro
Mas achou muito engraçado me botar cabreiro
Na barriga da miséria nasci batuqueiro
Eu sou do Rio de Janeiro”


Estou há 2 dias com esse trecho da Música de Chico. Tá que a letra em si nada teria a ver comigo. A questão é interpretá-la. A música toda. Não, não modificá-la. Mas sim ver aos olhos de Chico. A música pode até ser simples, mas pra mim é de um simbolismo magnânimo.

De uns dias pra cá, tudo que tava dando errado conseguiu piorar. Tudo.

Já disse tudo, tudo mesmo? Pois é. Tá sendo a semana mais trash do ano. E só estou sobrevivendo porque sobrevivo assim, de remédio mesmo.

Hoje conseguiram enfiar uma estaca no meu peito. Poucos sabem (ou muitos sabem, já que essa porra de internet é pro mundo inteiro e eu falo disso aqui) do tal Mestrado que resolvi me aventurar. Não passei. E fiquei na boua, levando-se em conta que chamaram apenas 16 pessoas num grupo de 109. Ainda vou descobrir quanto tirei mas to pensando se é ideal.

Mas não foi isso. Ontem o dia já terminou errado quando as coisas que deveriam ter sido terminadas não foram, eu chorei de raiva e não podia, eu gritei com minha mãe e com razão (ela também sabe disso e nem se opôs!!!) e fui dormir me sentindo uma titica.

Acordei um bagaço, fiz milhões de coisas. Descobri que estou me tornando uma pessoa quase pontual e esperar pelos outros realmente me faz querer arrancar os cabelos. Parei na Ilha do Governador, não peguei meu vestido pra sábado, peguei uma chuva do cacete e sujei minha sapatilha.

E, depois de um almoço violento, daqueles de tomar sal de frutas depois, ainda teve torta de abacaxi, torta de chocolate, docinhos, salgadinhos e o bicho todo à quarta potência. Aniversário da tia. E depois, num bate papo informal – infelizmente não num boteco, mas num dos cômodos da casa da minha avó – descobri que eu sou uma imbecil que não cria planos alternativos na vida; que sou muito ingênua de achar que posso passar numa prova (mesmo num futuro distante), considerada hoje a mais difícil do Brasil se não passo nem na OAB.

To vendo que eu sou incapaz de gerenciar minha vida de forma eficiente. Onde coloco o dedo quebro, o que penso fazer dá errado. As pessoas com que resolvo me relacionar ou querem de mim o que não quero delas, ou eu quero delas o que elas não podem me dar, a.k.a., reciprocidade.

Eu sabia que aquele papo de levar tudo numa boa, apesar de nada ter sido efetivamente feito este ano, fatalmente ia me enlouquecer depois de uma ducha fria e uma bofetadas à face. Dá vontade de voltar pro status quo do ano passado, me desesperar, dormir horrores, esquecer do mundo e virar vagaba, porque NADA do que quero eu tenho apoio (e sim, algumas pessoas no mundo me desestimulam…) ou são viáveis ou são reais. E uma das minhas opções foi, aparentemente por água abaixo porque crise econômica americana aumenta a cotação do dólar e oi?!?, não vou pagar rios de dinheiros, pra gastar rios de dinheiro lá fora porque não existe rio algum. Moro no cerrado.
Tá, não moro. É só pra ser enfática. Vai ter gente falando que eu tenho que seguir com meus sonhos e blá blá blá Whiskas Sachê, mas não se vive de sonhos e sim de realidade. E a realidade não é agradável e não tá me ajudando.

Pela primeira vez na vida eu estou absolutamente à toa, sem rumo, sem emprego, sem estudo, sem apoio, sem esperança de mudança, sem saber o que fazer. Eu simplesmente não tenho noção pra solução dos meus problemas.

Ainda mais! Tem gente que me leva a sério quando faço piada, fica puto comigo, eu fico bolada, porque fiz uma piada e a pessoa me interpretou mal, acabo me irritando – porque eu sou irritada (e minha mãe não entende isso!!) – e escutando que não posso ficar irritada, o que não deixa de ser verdade, já que minha mãe não pode se estressar.

Ah é, minha mãe tá doente. Realmente doente. E não consegue fazer repouso. E se não fizer repouso, pode acabar internada. Ou acabar parando. Literalmente. Pode não conseguir andar.

Acordar cedo todos os dias dessa semana acabou com o pouco de esperança de um humor sadio.

Conversar com seres humanos hoje acabou com o pouco que sobrava de esperança em mim.

Tudo acabou.

E nem adianta falar que não, porque agora, hoje, neste momento, nesta lua, na posição desses planetas(!!!), minha opinião não mudará com comentários de incentivos a la Vigilantes do Peso ou, porque não, Alcóolicos Anônimos.

Desculpaê.

To-day

9:37 a.m.

Terapia: checked

Café da Manhã: checked
Pão francês no Georginho
Suco de Manga no Master Sucos

Trilha Sonora: checked
Julia Nunes
Ben Folds

Sleeping Mode: checked
Stand By

Textos para Prova do Mestrado Amanhã: checked
Mode Off

Blog atualizado: checked
“To-Day”

Fotolog atualizado: checked
“Yo y Fá”

Coisas que sei; que não sei; coisas que aconteceram [a (re)volta das minhas amenidades]

Hoje tomei conhecimento da 1ª pessoa que de certa forma esteve na minha vida e que é um criminoso. Um amigo “de família” matou a mulher a facadas, tacou fogo no apartamento e foi preso em flagrante. O senhor é tão bonzinho que a noticia me chocou horrores.

Minha avó, que trabalhou anos com ele, ainda não sabe. Alias, ela está internada. Depois de uma semana de “moleza corporal” a levamos no médico e sua glicose estava a 560. Quando a internaram, no final do dia, estava a 670. Impressionantemente ela não ficou cega, não entrou em coma e nem teve nenhum outro sintoma daqueles de pessoas diabéticas, porque na verdade ela não estava nesse grupo. Agora ela está no CTI e ainda pode estar com problema na vesícula. Sabe-se lá no que vai dar tudo isso. Mas uma coisa eu sei: minha avó é forte pacas. E não é porque é minha avó, mas porque hoje, com menos de 24 horas de internação, a glicose já tinha baixado pra 150.

Fui pegar minha CNH. Odiei. Minha assinatura saiu tremida, parece até letra de criança. Não gostei. Mas agora posso, e devo, dirigir. Em pouco tempo, aliás…

Coisa que eu não sei é no que eu sou boa. Isso mesmo, aquele tipo de pergunta que você se faz com 14, 17 anos, e não com 25. Mas eu realmente não sei. Porque talvez eu ache que preciso ser a melhor em tudo. Mas eu sou sempre quase a pior em tudo. E isso é deprimente.

Teve um tempo atrás que eu me chamava de medíocre. As pessoas não gostam do tom da palavra porque soa pejorativo. Mas nem é. Medíocre de média mesmo. Listo aqui: eu me formei. Não estive entre os melhores da turma, meu CR não chegou a 8 no final. Beirou mas não chegou. Professores não me elogiavam. E minhas notas eram piores do que alguns zé ruelas.

Outro causo. Eu canto. Canto mesmo, de cantar lálálá. Mas não que eu cante mal, só não canto bem. Não poderia viver disso na vida. Acho que morreria de fome. Tá, não morreria de fome. Mas todas as pessoas do mundo que eu conheço e que cantam ou cantaram ou ainda cantam comigo, cantam melhor.

Tá achando pouco? Meu inglês poderia me render um dinheirinho. Mas ele é medíocre, assim como todo o resto. Não é ruim, não é ótimo. E no momento não está nada bom. Não pronuncio mais nada direito, às vezes me esqueço da construção das frases… falta do uso mesmo. Entender? Ah, até que entendo bem, mas muita gente que eu conheço entende melhor.

Não sei dirigir.

Não sei fazer doces

Não sei resolver cubo mágico (aquele maldito cubo de várias cores que você tem que colocar todas as cores juntas no mesmo lado).

Não sei muitas coisas. E não sou muita coisa.

Não sou boa nem em ser deprimida (sim, eu tenho depressão…). Quanto mais eu tento melhorar, mais minha mãe me critica achando que resultados virão com o simples engolir de remédios.

Não sou boa em arranjar empregos, algo que na verdade ela, minha mãe, acha que preciso pra não ficar deprimida, como se essa fosse a causa(pra quê tratar já que ela acha que sabe a raiz do problema?!?!)

Não sou boa com amigos. Não sou má, mas aparentemente não ligo pra eles. Talvez seja mais forte do que eu.

Ah! Por sinal, perdi uma amiga este ano. E desta vez nem foi minha culpa. Chega a ser engraçado isso. Mas não faço esforço não. “Faço o melhor que sou capaz só pra viver em paz”, como já diziam “os irmãos”.

Não sei não ter inveja. É feio isso, eu sei. Mas eu tenho. Inveja do que não tenho, do que gostaria de fazer e não faço por motivos alheios à minha vontade. E inveja dos meus amigos e suas amizades. Passa do ciúme. É feio, eu sei, mas é verdade e estou num momento super sincera.

“Ah, que isso, você é sim, inteligente, você é legal, você não é nada assim, blábláblá whiskas sachê.” Na boa, não cola, porque quem fala é sempre melhor do que eu em vários aspectos. E não sente tanta coisa ruim como eu. E porque tô falando isso? Porque esse mundo é uma selva e se você não for boa ou aparentemente perfeita ninguém te quer pra absolutamente nada porque vai existir alguém melhor.

Pensando seriamente em virar faquir. Ou partir pra Marte. Pelo menos lá sou a única que não é verde. É, mas aí eu iria reclamar de não ser verde….. ah, desisto.

O Dia Em Que O Homem Aranha Quase Me Conquistou – relatos de uma mulher que tentou ser forte, mas…

Engraçado, né? Nós mulheres Pós-modernas gritamos tanto por um espaço em igualdade com o sexo masculino, nos fazemos de fortes e duronas. E nos bastamos a nós mesmas. Homens só servem pra fazer os trabalhos que quebram unha e/ou não podem ser feitos e salto.
De certa forma eu pensava assim também. Durona, sabe? Difícil. Nada de me amolecer por palavras doces dos Don Juans que existem por aí. Mas quando você menos espera, à espreita, só te vigiando, lá está ele… pra fazer de você a mais nova vítima de seus charmes e galanteios.

Passeios no shopping não rendem muita coisa. A não ser que você vá fazer compras. Ou comer. Ou ver um filme. Eu tinha meu objetivo em mente, mas não tinha esperanças de cumprí-lo naquele fim de tarde tão melancólico.
Distraída com minhas músicas, me deparei com o Homem Aranha. Ele parado alí, me olhando, me encarando com seu charme. Eu, na hora, nem dei muita bola. “Fala sério, cara feio me olhando”. E o olhar continuou. E eu tentei e distrair com outras coisas que me rodeavam naquele momento tenso. Mas algo me puxou. E fiquei lá, fitando aquele rapaz (minha mãe usa muito esta palavra…). Não estava decidida. Não sabia mesmo se ia ceder a tanto charme. Não era mesmo aquilo que queria pra mim, mas ele tinha outra feição, não sei… brilhava de uma tal forma…
Me controlei e saí daquele recinto que tanto me incomodou. Prometi que voltaria mais tarde, caso eu me decidisse. Continuei meu passeio no shopping. Mas sabia que ia voltar par os braços daquele garoto, com olhos tão penetrantes (nas traduções dos livros de Sidney Sheldon usam muito esta palavra).

Pouco passou e eu já estava lá, flertando com outro. Ainda me dei ao trabalho de pensar: “Controla! Controla! Eles são todos resistíveis!. Mas sabe como é, né? Ninguém vive sem. Mas eu gosto do estilo, e este me agrada mais”. Pensei muito, não queria ceder a tanta investida.

Não teve jeito. Tive que pegar. E levei a bosta do caderno. Tem cara de caderno de homem. Mas não tenho visto coisa melhor. E homem aranha, bem, lindo. Mas muito masculino, eu achei. Mesmo o outro tendo cara de caderno e homem.

É bom lembrar aos fabricantes que existem pessoas in need de cadernos decentes no meio do ano…

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Now playing: Maroon 5 – Can’t Stop
via FoxyTunes

Cores e sinestesia

Cores. Amarelo. Azul. Vermelho. Roxo. Preto. Verde. Marrom. Vinho. Cinza.

Cores.

Foi tudo em que pensei hoje. Fui andando da Uruguaiana até o estágio procurando o que comer. E escutando minha música, alheia a tudo que acontecia; ao trânsito, aos pivetes, às milhares de bancas de jornal que tem no caminho. E até mesmo aos bonitinhos executivos do centro da cidade.

E minha música começou a dar sensações diferentes, quase estranhas a mim. E CéU se tornou Amarelo. E Chicas se tornou amarelo. The Killers e Damien Rice também. Cada um no seu tom. Mais forte ou mais fraco. E o mundo foi tomando cor na minha mente.

E na verdade agora, tudo tem cor. Música, meus textos, minha vida, minha profissão.

E depois de usar branco por 4 dias consecutivos, creio que é algo que procuro mesmo.

Todas as cores em mim. E se catar, talvez eu ache. Talvez encontre o preto das coisas ruins; o vermelho de tudo que é bom. O azul dos meus textos. O caramelo da minha vida.

E talvez um dia, num futuro próximo assim se espera, eu encontre um rosa. Ou roxo.

[O marrom sou eu (!!!)]

Quero minha essência colorida, como aquelas caixas de lápis de cor que mãe comprava no começo do ano letivo (eu sempre quis a de 48 cores, ou 36 – nem sei se existem mesmo – mas só ganhava a de 24).

Quero enxergar em mim o arco-íris que a Xuxa tanto falava (mas não o dela, porque nada que vem dela eu gosto). Viver expelindo o vermelho do meu sangue. Ou mesmo o amarelo da música que canto e ouço. Talvez o azul das coisas que tento expressar nos meus textos.

Quero dias assim, cheios de Sinestesia. Cheio de cheiro gostoso do amor. Ou o barulho ensudercedor do ódio. Mas hoje só as cores. As cores que tenho, as cores que quero.

E quero todos os rosas, todos os laranjas, todos os beges. Todos os prateados. E lilases. E a turquesa. E o caramelo. O índigo. O Cáqui. A lima. A Magenta. O pêssego. O dourado. Ferrugem. Gelo. Linho. Oliva. Mocassim. Violeta. Preto. Tomate. Lavanda. Púrpura

cores1.jpg

 

 

p.s.: acabei comendo esfihas do Habib’s