Eu não pensava como uma possibilidade. Algo em mim fez deletar qualquer desejo da época de faculdade.

Não sei se foram as crises, se foi minha família com seus ideais egoístas. Não sei.

Também não sei se tem a ver com a minha imensa insatisfação com a vida e o que eu fiz dela. Com o trabalho, com a falta de realização profissional.

Sei que agora voltei a estudar. Direito. Fazer jus aos 5 longos e sofridos anos de faculdade, tirar minha OAB e, de alguma forma, me realizar. Não por salários e coisas do tipo, até porque não acho que a profissão permite tanto assim, mas me realizar fazendo algo que eu realmente dou valor e que me fará feliz.

Felicidade. Tá aí uma palavra que há muito tempo não relacionava com Direito. E hoje me peguei pensando no quanto posso ser feliz na área. Não penso em concurso num primeiro momento, e pra muitos e pra minha família isso é um erro grave de percurso. Naquelas famigeradas enquetes dos professores nas salas de aula, nunca levantava a mão como um dos que faziam faculdade pra prestar concurso; nunca foi a minha vibe. Também não estou dizendo que não os tentarei. De qualquer forma, qualquer coisa é melhor do que continuar onde estou, completamente estagnada, sendo desmerecida e sem ter um caminho profissional do qual me orgulhe.

O ano começou assim. Novos e grandes planos. Pareço estar mais madura, o suficiente pra tentar fazer com que eles deem certo ao invés de desistir no caminho. Espero mesmo que eu não desista e talvez isso não aconteça, apesar da grande dificuldade que vou ter pra me atualizar e prestar a prova, depois de quase 3 anos sem estudar absolutamente nada.
Mas enfim. É isso. Estou animada, depois da primeira aula no curso e espero mesmo manter o encantamento com minhas próprias decisões, desta vez mais forte pra rechaçar quem vier me desanimar.

Como Ser Sutilmente Humilhada Em 2 Atos.

Sábado de sol. Cara-a-tapa vai a evento onde encontraria amigos.

– Nossa, quanto tempo!!
– Pois é, tava sumida…
– E como vão as coisas?
– Vão bem, tudo na mesma.
– E a faculdade? Terminou?
– Claro, em 2007.
– Ah é, me esqueci. E a OAB? Fulano e Ciclana conseguiram agora.
– Pois é!!! Fiquei sabendo. Mas não tirei ainda não.
– Mas tá trabalhando, então.
– Não, nem to.
-Ah…

Trinta minutos depois.

– Porque eu to ficando velha, com quase 25 anos!!, reclama a moça.
– Fala sério, né. Você é a mais nova da mesa, consola Cara-a-tapa.
– Tá mas poxa, to fazendo facul mas só termino ano que vem, só tenho um estágio e estou solteira.
– Po, então tá tranquilo, po. Eu to com 28, interrompe um rapaz.
– Pra você é fácil falar, né? Já tem profissão, trabalha e tá namorando, aí é tranquilo de chegar aos 28, diz a moça.
– Então tá, né. To com quase 27, sem profissão definida, sem emprego e solteira, diz, humilhada, Cara-a-tapa.
Moça faz cara de constrangida/’tadinha dela’


Só não me sinto pior porque eram pessoas queridas e mau nenhum havia nas conversas. MAs ó, conhecendo maneira mais bacana de humilhação, só comentar!!!

O básico do básico, my ass.

Foram 5 longos anos. Isso pra quem se livra de uma reprovação. Mas é isso. 5 anos. Provas, trabalhos, códigos, vade mecum, aulas de filosofia e até português.

Em 2003 me aventurei a fazer faculdade de Direto sem saber ao certo onde estava me metendo. E na certeza de que aquela fora uma escolha minha.
Foram anos bem feitos, bem vividos, bem estudados. Na verdade, poderiam ter sido melhor estudados, fato.
No final, saí da faculdade com uma monografia bárbara e uma depressão a tira colo.

Dia 19/02/10 far-se-ão 2 anos da minha colação de grau. E nada, absolutamente nada mudou de lá pra cá. Nada de bom, eu digo. São 2 anos fazendo nada, além de meia dúzia de cursos. Umas tentativas de tirar minha carteira da Ordem, mas de resto, nada.

De uns dias pra cá, aliás, desde o meio do ano passado, 2009, pra cá, tenho procurado emprego por mil  que não vêm ao caso. Consegui um e fui demitida. E voltei à saga das entrevistas e etc etc etc. Hoje voltei de uma, que nem sei se dará certo, mas que me impulsionou a tentar fazer alguma coisa sobre meus estudos.
E até comecei a me ‘animar’ pra OAB de novo, pagar um cursinho e tals. E minha mãe vem me falar que é pra eu pagar um curso pra fazer concurso pra qualquer coisa, tipo agente administrativo do Detran. Nada contra quem presta, mas eu não passei 5 anos de faculdade e 2 anos parada pra fazer concurso de 2º grau, sem nem cogitar tirar minha OAB tão cedo. “Depois que você tiver lá, você pensa nisso.”, foi o que escutei.
Então, pra quê eu fiz Direito? Pra isso, eu poderia ter feito qualquer coisa mais fácil, menos dispendiosa e que tivesse durado só 4 anos, muito melhor.
Daí eu me pergunto o porquê disso tudo. Eu já entendi que fiz Direito porque meu inconsciente queria agradar minha família e não a mim. Mas já que essa parte eu fiz, por que as pessoas não param de tentar coordenar minha vida? Quem disse a ela que concurso público pra trabalho burocrático é o melhor pra mim? Quem disse a ela que eu to feliz assim, sem minha OAB? Quem disse que eu quero isso, de concurso, de concurso pra 2º grau?

Sinceramente, me magoa e muito nego querer o básico do básico pra mim, porque assim é mais fácil viver. Cansei disso. Cansei das pessoas acharem que OAB é uma fase totalmente dispensável pro Bacharel em Direito. Então, fiz Direito só pra nego encher a boca? Enche a boca de comida, seja medíocre mas não peça que eu seja.
Hoje eu sei que não sou nem estou dando nem 1/3 do que posso. Eu não posso porque to confusa, porque to deprimida, porque não sei ao certo o que quero. Mas dessa mediocridade eu preciso passar longe essa mediocridade eu sei que não quero. Porque quando eu acreditar, de verdade, 100% de que basta ser mais umazinha qualquer fazendo qualquer bostinha, vou parar de tentar de vez. E daí, ai de quem questionar a minha falta de ambição. E vai ser culpa sua.

Coisas e mais coisas..

Sou um pouco narcisista e sempre, quase que uma vez por semana, fico a ver as fotos dos meus álbuns do orkut. Agora há pouco tava fazendo exatamente isso, até que comecei a me incomodar com um troço que eu nunca tinha dado valor até ter a 1ª vez: sobrancelhas feitas. Sério. 90% das fotos elas estão bagunçadas e como isso me incomoda hoje! Fica tão feio, não sei como demorei tanto pra começar a fazê-las.. E hoje eu quem as faço, não pago nada por isso e ficam tão direitinhas… Uma graça…
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Fui picada por uma abelha na segunda-feira. Isso não acontecia há uns 15 anos, mais ou menos. Aí cogitei a hipótese de ter ficado alérgica a picadas de abelha. Na mesma hora uma amiga disse: claro que não, né? Ninguém desenvolve alergia. Achei até coerente mas fiquei meio na dúvida. A semana passou, a picada começou a coçar e ontem eu tinha um braço nascendo do braço. Tava MEGA inchado, coçando horrores, doendo como nunca imaginei.. uma loucura. Resolvi ir no médico e quando ela olha, as primeiras palavras são: “Por que você não foi direto pra uma emergência?”. porque eu NUNCA que ia imaginar que meu braço cresceria e eu quase o perderia, coitadinho… E pra minha felicidade e susto, estou a tomar um antialérgico e um antibiótico por 10 dias, 4 vezes ao dia! Pelo visto não foi coisa pequena não… E agora sei que tenho alergia a picada de abelhas, thanks for telling me!
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Hoje é sexta e eu só quero que terça chegue. Parece perto, mas ao mesmo tempo muito longe. É o bendito dia que sai o resultado da OAB. Dependendo disso, comemoro ou não meu aniversário. E isso é sério, visto que a fossa, caso uma reprovação me assombre, vai ser de dias. E pior: não vou poder beber pra comemorar ou mesmo pra afogar as mágoas. Culpa do braço quase decepado e seu antibiótico.
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Olha, vou te dizer… Essa coisa de não ter emprego é uma merda. Não porque você não tem o que fazer ou coisas do tipo. Eu até tenho, tenho curso pro concurso que mais quero neste momento. O único e exclusivo detalhe é que pra isso eu preciso comprar alguns poucos livros. E quando digo pouco, são poucos mesmo. Só que a conta chega perto dos 500 reais! E se não basta ser sustentada e se sentir incomodada, é a possibilidade de não consegui-los -os livros, eu digo – ou mesmo ficar morrendo de vergonha de pedir mais dinheiro. Depois que a gente começa a trabalhar e ter noção de como dinheiro não se ganha fácil mas gasta-se fácil, fica difícil sair pedindo as coisas como se fosse um caixa automático. Eu só sou classe média porque moro bem e tenho boa criação, mas meu dinheiro não cresce em árvore, não é capim e não tá sobrando!
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Voltei a cantar. 2ª e 5ª. Um coro misto e um feminino. Sinto que renasci. E toda vez que vou pro ensaio de 2ª fico encantada com a faculdade e me dá uma puta vontade de fazer música (mas também quero fazer Letras, Filosofia, Ciências Políticas, Gastronomia, curso de fotografia, francês, espanhol e alemão). Mas pra isso eu preciso gastar uma fortuna com livros, passar num concurso e ter dinheiro pra me sustentar. Mas ao mesmo tempo, fico a pensar e vale a pena desfocar da minha área… porque o que quero messsmo é outra área no Direito. Não estou preparada agora pra isso, mas eu quero, num futuro não muito distante.
Acho que eu preciso messssmo aprender a ser gente grande e sair desse mundo de ilusão que vivo, de achar que vou ter tempo de fazer zilhões de faculdades e ter uma carreira bem sucedida. Confuso, não?
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Como eu ando intolerante. Sei lá por que. Só sei que estou. Só o fato de alguém não atender minhas ligações me irrita. Tentar dormir e não conseguir me irrita. Mas ao mesmo tempo estou com um astral ótimo, como disse uma amiga.
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Preciso comprar um roteador pra ontem. Meu notebook tá aqui parado, sem muita utilidade porque eu simplesmente não tenho como conectar-me à internet. E não tenho realmente digitado nada além do usual, aí perde o objeto… Mas como eu gosto dele!!

Tinha mais alguma coisa pra escrever aqui, mas esqueci completamente. Normal. Deixa pra depois.


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Now playing: Jason Mraz – Coyotes
via FoxyTunes

Usando palavrão pela 1ª vez. Culpa do (des)equilíbrio da minha vida…

Um dia me falaram sobre o equilíbrio das coisas… Que pra cada sofrimento vinha uma alegria e vice-versa, seria algo de ‘equilíbrio da natureza’.

De fato, nunca acreditei nisso e minhas amigas estão vivas para comprovar. Sempre refutei essa teoria porque simplesmente não a via acontecendo na minha vida. Mas, como a gente tem que ter fé, tem que acreditar que as coisas podem e vão dar certo, tentei adotar parcialmente a tal teoria pra mim.

Junto dela, acolhi o pensamento positivo, as ações positivas para se conseguir o que se quer e fui em frente, acreditando, muito mais do que isso tudo junto, em Deus que está sempre presente e vê não só o que queremos e nossas ansiedades, mas vê também nosso esforço em alcançá-las.

Ontem tive uma notícia muito ruim. Poderia ser pior, mas foi muito ruim. Eu estudei, tive pensamento positivo, sofri e vi que Deus tava comigo e achei que passaria numa prova mega crucial pra minha vida. E não só não passei como fiquei longe disso. E pior, quando não estudei tive rendimento semelhante.

Foi terrível relembrar os momentos de paz que senti ao fazer a prova e depois dela. Eu orei antes de começar, ao terminar, no dia anterior e em todos os outros. Não to dizendo aqui que minha fé é dependente de bons resultados, só digo que não foi por falta dela.

Não bastasse a má, péssima notícia, por conta dela, travei uma big guerra mundial na minha casa, sem que eu tivesse começado, pelo simples fato de eu não aceitar as condições impostas à minha vida. Não respeitam meu direito de chorar, de achar o mundo injusto, de me achar coitadinha, mesmo que seja por alguns dias ou momentos. Não me dão direito de ser, sem ser o que querem que eu seja, não vale nada ser maior de idade porque pouco importa. Importa o lugar em que vivo, com quem vivo e por quem fui criada. Levantei minha voz e só piorou. Não se pode levantar a voz, mesmo que seja pra ser ouvida, na ditadura da minha casa.

E só ouço os gritos, literais, na minha cabeça e ouvidos, que eu preciso parar de me fazer de vítima, que eu preciso seguir em frente, e que eu não posso me incomodar com o que as pessoas pensam. Tudo isso com menos de 30 minutos após o resultado.
Porque eu não posso me incomodar, eu deveria ser outro alguém.
Porque a partir de ontem eu não tenho mais mãe nem avó, porque eu não mereço (e pelos motivos que a 1ª acha razoável). E tenho uma tia que não se cansa em me convencer a ir pra casa dela.

Então eu pergunto: aonde está o equilíbrio da natureza, aonde está Deus aonde está tudo porque agora à minha frente, vejo um nada. Um nada de pessoas com raiva de mim, porque eu choro; porque eu quero ser eu e não o que me mandam; com pena de mim e me pressionando pra sair do meu estado e estudar em outro lugar pra não sofrer pressão dos amigos; um nada de resultados, que me levam a pensar até aonde Deus permite essas coisas e o que Ele quer de mim.

Não passei e não foi por falta de estudo.
Estou sendo deserdada por querer ser eu.
Estraguei o aniversário das pessoas.
Não consigo dizer não às pressões pra me tirarem do Rio de Janeiro.
Vejo injustiça pra todo o lado, com pessoas que mal e porcamente estudaram com material que eu dei e passaram.

Passei o dia todo me perguntando como consegui tirar 10 ‘com louvor’ na minha monografia de fim de curso e sinceramente começo a achar que foi pena. Nada faz sentido. Eu nunca fui aluna de “10 com louvor” e também não terminei a faculdade assim. Foi um “gap” na minha vida e me fez confiante quando na verdade deveria levar como um golpe de sorte por ter escolhido um tema diferente, coisa que já me garantia um certo respeito, talvez…

A vida é uma longa sucessão de injustiças. Há os que nasceram pras melhores coisas da vida. Há os que nasceram pra se foder. Literalmente. Porque nada na vida da minha família vem fácil, mas essa prova não teve nada de fácil. Mas sou obrigada a escutar que deveriam ter me negado mais quando era pequena pra eu aprender a não ter as coisas.

Sinceramente? Não vejo mais sentido em nada. Não vejo sentido em estudar, se não é pra passar; não vejo sentido em ser maior, se não posso ser quem sou; não vejo sentido em viver, se na verdade preciso ser uma marionete.

O que eu quero? Grandes merda, que se foda o que eu quero. Eu tenho que querer o que querem. Mas talvez isso faça parte do equilíbrio natural da vida.

Engraçado é fazer Direito, ter uma réplica da Deusa Minerva(ou Têmis, sei lá) segurando um balança e vendo a balança da minha vida em total discrepância com aquela. Nem de olhos abertos eu consigo mantê-la sem virá-la, ou mesmo encostar um dos lados no chão.