Delírios da Madrugada

05h01min a.m.

Completamente acordada. To começando a enlouquecer. Dá vontade de sair correndo, pular janela afora, fazer qualquer coisa que me faça fechar os olhos; apagar. Essa vida de insone, completamente solitária, mesmo quando eu quero companhia.
Hoje a única companhia que tenho é um puta enjôo que não sei de onde veio. Minha língua enrola; meu estômago, super embrulhado.
Televisão ligada no Discovery Channel. Domingo, assim como terça-feira, tem uma péssima madrugada para os insones que comigo dividem essa bosta de insônia.
O que tem me deixado estupefata é que eu ate sinto sono, mas deitar e dormir simplesmente não fica mais fácil por conta disso. Parece até que se eu simplesmente não sentisse sono conseguiria dormir mais rápido ou facilmente.
O tempo tá quente. Abafado. Mas o vento lá de fora é fresco. Não sei se daqui a 4 horas vai sair sol. Super queria ir à praia, pegar uma cor, ler um livro e escutar Ting Tings ou Jason Mraz ou Santogold, ou M.I.A. Sei lá, queria ir à praia. Só que o único problema é que daqui a 4 horas espero estar dormindo. E não me atrevo a pegar praia de tarde, até porque, pode não parecer, tenho mais o que fazer do que ficar indo a praia numa segunda-feira à tarde.
Pensei em voltar pro computador, ficar observando os BBB (sim eu vejo. Qual o problema, e daí?) ou sei lá fazendo o que. O que me dá nos nervos é que nesse tempo abafado, minha cama vira uma fornalhinha, eu não consigo dormir e nada realmente prende minha atenção na tv.
Não dou muitos dias pra ficar ranzinza e irritada, porque eu simplesmente quero conseguir dormir. Peço muito????? Dá vontade de pegar aquele remedinho feliz que eu deveria estar tomando às 22h00min e tomar agora. Mas tenho a plena convicção que só acordo no final do dia de amanhã. Aí não é legal, não vou gostar.
Com essa brincadeira de muito mau gosto que meu organismo tem feito comigo, perco o dia inteiro, nessa de sentir-me sonolenta e acabo não rendendo nada. Dá vontade de colocar uma roupa de ginástica e ir correr pelas ruas; limpar meu armário (mas pra isso preciso de música alta, luzes acesas, nem rola); inventar uma receita nova com sorvete, arroz, biscoito de cacau, pêssego e sei lá mais o quê. Sei lá, to enlouquecendo aqui. Minha última tentativa de sentir meu corpo cedendo ao cansaço era escrever e ficar vendo “Prisioneiros” no Discovery Channel. Só sinto muito ainda estarmos em horário de verão, porque o sol levanta ‘mais tarde’ e eu to doidinha pra tirar foto do dia amanhecendo.
Mãos na cabeça, olhos no teclado. Desespero. Quase cedendo à tentação de tomar meu sossega-leão fora do horário. Meu humor desce as escadas daquela Igreja que geral vai ajoelhado… E desce rolando igual um barril, coisa que pode e acometer se continuar sem ter horários pra nada inclusive me alimentar. Preciso arranjar, então, um mundo alternativo onde eu possa fechar minhas cortinas às 9 da matina e fazer tudo que preciso do meio da tarde à madrugada adentro. Mas o que não dá é eu querer dormir às 6, os telefones começarem a tocar, os ônibus e carros enlouquecidos pelas ruas a me irritar, a Comlurb cortando árvore, minha mãe querendo que eu fique admirando o móvel novo, minha avó querendo que eu faça pequenas compras, pessoas querendo me encontrar pra coisas que já foram combinadas levando-se em conta que eu estaria normal e dormindo na mesma hora que todo mundo, meus livros pedindo socorro e atenção porque simplesmente não consigo ler sentindo tanta aflição por simplesmente não conseguir dormir.
SOCORRO. To quase sentando à janela e imaginando através das águas que correm pelo vidro, como um filme romântico-brega, na esperança de imaginar que não estou sozinha nesse momento terrível. Eu acho mesmo que vivo num filme de terror feito por Zé do Caixão, onde a qualquer momento alguém vai abrir a porta do meu quarto, gritar “Buuu” e sair correndo. Cadê os zumbis pra me fazerem companhia?
Fico olhando o céu pela janela, esperando o céu clarear, tentando esquecer que a única coisa que me acompanha neste momento é um enjôo daqueles (que você tem depois que fica séculos sem comer coisas gordurosas e resolve fechar o fds com um pastel de queijo. Não me arrependo, though) que nem aquela soda cáustica que chama de Coca Cola resolveu. Prefiro dormir porque passa.
Ha-ha-ha. Dormir. Isso é coisa pra Cinderela. Eu devo ser a bruxa malvada que fica pensando no próximo feitiço que vou jogar. Ou seria eu uma “Betty, a feia” e alguma bruxa jogou algum feitiço em mim? Seria o Feitiço de Áquila? Hhhahahaahah! Agora entendi porque to solteira… Meu par vira bicho enquanto eu to durmo e vice-versa.
Acho que quanto mais fico acordada mais neurônios vão morrendo por falta de energia.
Já cortei a unha. Já fiz a sobrancelha (por sinal, fiz merda…). Já lixei as unhas das mãos, já vi um doc. de 2 horas sobre Sex Appeal, já tomei Coca-cola pra cortar o enjôo, já liguei a luz da luminária e fiquei olhando pra minha perna (não sei por que, oras), já fui olhar as pessoas da casa dormir (coisa de dodói, eu sei…), mas nada ABSOLUTAMENTE NADA me dá sono.
Sinto inveja de gente que deita as 22 e só de bater no travesseiro começa a ressonar, e só acorda com a luz do dia. Gente feliz essa. Pessoas com paz e com certeza de que no final do dia vão repetir a mesma coisa, over and over again até que a vida finde. Ta, não sei se sito tanta inveja assim. Rotinas desta ordem me deixam um pouco irritada.
Eu começo a achar que é melhor me convencer que vivo ao contrário, montar um curso preparatório pra insones, mudar meus horários de alimentação (porque como junto com pessoas normais e depois passo a noite acordada, dá fome), arranjar um emprego de vigia noturno ou de segurança de night. Dj. Qualquer coisa que eu possa adequar a esta loucura que estou vivendo.
E pra terminar essa coisa estranha que escrevo, é melhor ir embora porque esse programa sobre prisioneiros vai me dar pesadelo, se é que vou conseguir dormir ainda hoje. Sem contar que essa coisa o meu colo ta me dando mais calor que esse tempo esquisito que chove e não refresca.
FUI.

05h49min a.m.

P.s.: meus vizinhos começaram a acordar… será que dou bom dia?

300

Serei breve. Este momento requer un pouco de reflexão e ainda não o tive.

Estou de dieta há 2 semanas. passando fome, comendo menos, comendo coisas saudáveis (não vou negar que minha pele está bem melhor), negando rodízios de pizza, cerveja pr’esse calor desgraçado, doces e outras coisinhas que só janeiro absurdamente quente nos proporciona.

Estou de dieta há 2 semanas. Em alguns dias, burlei por motivos de força maior. Mas de alguma forma eu compensava esses deslizes. E o pior: amarguei uma culpa por ter deslizado, achando que o pior poderia acontecer se as exceções continuassem.

Tá quente e eu quero cerveja, quero sorvete, quero refrigerante gelado. E quando digo refrigerante gelado, me refiro àquela coca-cola que todo mundo acaba por esquecer no freezer e quando tira sai umas pseudo-pedrinnhas de gelo de coca-cola. Quase um delírio. Mas nãooooo… É suco de abacaxi com limão e maçã… É água e mais água… barrinha de cereal enquanto todo mundo toma sorvete. E tudo isso, sabe pra quê?

Pra MÍSEROS 300 gramas!!! AI QUE ÓDIO!!!

Aí que dá vontade de chutar o balde, o pau da barraca, enfiar o pé na jaca, ou seja lá qual expressão você achar mais coerente/bonitinha/clichê ou qq outra coisa. Mas nãoooo… A idiota aqui está obstinada a perder o que foi ganho e mais um pouco.

O que falta fazer agora? Virar faquir? Jejum? Dieta da água e só água?
Não… porque dieta mesmo não tá adiantando merda nenhuma. Vou cogitar seriamente virar uma rolha de poço e sair rolando pelas ruas. Pode até ser que dê mais certo, considerando que com o inferno que tá essa cidade dá pra fritar uns ovos no asfalto, de repente assim eu perco mais do que 300 gramas.


P.s.: não consigo ser menos prolixa. Mas de repente digitar me ajuda a perder mais alguma coisa… sei lá!

O Dia Em Que Fiz Compras De Natal.

De fato todo mundo faz compras de natal, mas eu nunca saio com esse intento. E desta vez não foi diferente. A única diferença, na verdade, foi eu ter saído com minha mãe, com intuito de comprar um presente de aniversário pra uma amiga dela e fazer sei lá mais o quê.

Há tempos não saíamos, sem preocupações, só “passeando” na “calmaria” da cidade em épocas de natal. E talvez eu tenha me recordado o por quê de não fazermos muito isso juntas.

Minha mãe vive no século passado. Da forma mais pejorativa possível. É como se ela achasse que 1975 ainda acontece. Nem vou muito longe: que 1985 ainda acontece.

Tá, a cidade não é lá tão segura; de fato é bem perigosa. Mas minha mãe anda com a bolsa como se fosse ocorrer um arrastão a qualquer segundo. Arrastões estão fora de moda pros ladrões. No máximo um arrastão na praia, porque é cheio de turista. Mas não num bairro classe média, sem praia e cheio de pobre. Roubo rola, mas arrastão não. Muito algazarra e pouco lucro.

Tudo bem.
Fomos pra rua. Eu sai só com o dinheiro no bolso e a chave. Ah! O celular também. E fomos nós atrás de um presente singelo pra tal amiga.

“Aqui mãe, acho que ela vai gostar”
“Ih! Muito caro, e só uma lembrancinha, nada muito caro”

E não vou colocar aqui, mas esse diálogo se repetiu diversas vezes. Sem exagero. Porque pra minha mãe é tudo caro. Uma blusa de R$ 25,00 é caro demais. Porque as roupas hoje em dia estão muito caras. Tudo caro. Porque barato mesmo são as blusinhas de 10 reais. Como se fosse fácil achar isso. Raridade, privilégio de lojas em promoção ou daquelas de pouca qualidade. Mas não, minha mãe não se conforma…

Calça jeans a 60, 70 reais?!? É um roubo..

Ta, compramos a tal lembrancinha. Uma blusinha bem da bacana que por sorte custava 10 reais. Minha mãe ficou feliz.
E saímos em busca de uma pechincha no presente do meu amigo oculto do estágio. Não seria tarefa muito fácil,porque o que pretendia dar era novidade, e portanto, não muito barato.

O único problema é que na internet custava R$ 26,50, a loja tridimensional custava R$ 39,90 e em qualquer outra tava a R$ 48. Aí minha mãe, num surto diz:

“Ta vendo?! Deveria ter comprado logo quando você viu”
“Mas mãe, eu não sabia o que iria acabar comprando isso”
“Ah, mas por esse preço até eu pagava pelo presente e depois você comprava outra coisa”

(minha mãe é sovina. Nunca, na história de nossas vidas, ela fez ou faria esse tipo de coisa. E com meu salário de estagiária não posso me dar ao luxo de comprar algo que me será inútil depois. Só como exemplo, ela estragou um casaco meu e se RECUSOU a e reembolsar…)

E compramos o presente. Na loja que custava R$ 39,90, claro… E depois partimos em busca da minha roupa de Natal/Ano Novo. Levei minha querida pra ver uma saia que tinha visto numa dessas lojas de departamento. Não tinha a saia. E lá vem outra pérola dela:

“Você deveria ter comprado quando viu lá na outra loja. A essa altura do campeonato, já acabou”
“Mas mãe, meu salário ainda não saiu, não tinha dinheiro…”
“Ahhhh, então corre o risco e vai na outra loja.”
“Vamos comigo? Pra você ver a saia”
“Ih! Nesse calor?! Nem pensar. Vou no mercado e vou pra casa. Vai você.”

E lá fui eu. Pra onde eu ia, tinha um ônibus de graça. Mas não tava lá onde deveria estar. Então fui andando, porque tava sem o cartão do ônibus(falei que eu ia na rua rapidinho e voltava, né?) e o dinheiro da saia tava contado (porque tava com minha mãe e ela tava bancando tudo…).

Então fui andando. E andando. E andando. Andando. Num sol de sábado, às 4 da tarde, que na verdade é sol de 3. Cheguei lá em pingas, passando mal. Mas fui em busca do meu objetivo. E experimentei a bendita saia. E ao sair do provador, quem eu vejo? MINHA MÃE!

“Poxa, tava ligando pro seu celular, porque vim comprar a sandália que você gostou. Tá acabando e eu pedi pra reservar na loja daqui! Vim de táxi, pedindo pro motorista correr o máximo que podia pra eu anda te pegar aqui…”

Pô! Valeu! Ela vai de táxi e eu vou a pé. No sol. Mas tá valendo. Não paguei pela sandália e nem pela bolsa que acabei ganhando também. E nem pela tortinha de limão com coca-cola comum, muito merecidos por sinal…
E fomos nós embora. Cheias de sacolas. Até que me lembrei de um detalhe: com uma certa quantia em notas fiscais, eu poderia trocar por um brinde do shopping (isso, estava num shopping).

“Mãe, cadê a nota fiscal da sandália e da bolsa?”
“Ah, não sei, deve estar na minha bolsa”
“Procura mãe, quero pegar o brinde”

E dá-lhe de procurar… E ela achou notas fiscais de mercado de 2 semanas atrás, da padaria, do cigarro, das frutas da minha avó. Menos da loja. E eu nem fiquei fula… que isso…

E depois disso tudo, ela ainda foi no mercado, voltou e fez um doce bem gostoso pra comer no domingo e eu ainda tive pique de sair com meus amigos e dançar a noite toda.

E a nota fiscal? Ela foi procurar ontem, foi limpar a bolsa, jogando as migalhas pela janela e deixou o celular cair do 5º andar.
Sim senhores, esta é minha mãe. E ela ainda me fez comprar outro pra ela pela internet, mesmo não convencida de que é seguro (culpa da reportagem do Fantástico falando de pessoas imbecis que compram em qualquer site fuleiro na internet).

Não obstante, ela gostaria muito que o celular chegasse hoje, porque, infelizmente, um dia eu disse que pedidos de internet chegavam rápido (e ela entendeu veloz).

E quem ficou sem brinde fui eu, por culpa dela, que pela 1ª vez me jogou uma nota fiscal de valor razoável no chão. E ainda sai ganhando celular novo.

Ah! O tal ônibus de graça não passa aos sábados; só descobri depois…

Nota mental: compras de Natal em setembro e sozinha!